terça-feira, 23 de julho de 2013

Caboclos Boiadeiros.




A Linha de Trabalho dos Boiadeiros foi criada sob o arquétipo do homem do campo que lidava diariamente com a criação e com rebanhos de animais como cabras, ovelhas, bois e cavalos. Em sua maioria eram boiadeiros, vaqueiros, pastoreadores, tocadores de gado, peões e laçadores que por força de sua função desenvolveram grande determinação, uma fé forte e resistente, força de vontade, simplicidade, um grande senso de liberdade e necessidade de conviver com a natureza e com os animais de forma harmoniosa, respeitando a criação divina e a sua força demonstrada através do tempo climático e das quatro estações do ano. Para essas pessoas, o tempo atua diretamente em suas vidas podendo ser generoso mantendo seus pastos verdes e os animais saudáveis ou rigoroso promovendo grandes estiagens que secam seus campos e reservas de água fazendo sofrer seus animais. Têm a exata noção da importância das ações da natureza em suas vidas e por este motivo respeitam a terra em que pisavam, o ar que respiravam, a água que bebiam, a vegetação que os alimentava e o fogo que os aquecia nas longas noites ao relento no campo. São homens e mulheres fortes, habilidosos, valentes, impetuosos, persistentes e responsáveis, pois recebem os rebanhos e os acolhem sob o compromisso de conduzir todos eles durante a longa jornada até o destino final, em plena segurança. Assumem a sua guarda, a sua alimentação, a sua proteção e o seu direcionamento. Por todos estes motivos e por haver uma forte afinidade destes espíritos com uma grande parte da população brasileira, a linha dos Boiadeiros foi estabelecida e firmada dentro da Umbanda. Através dela se manifestam espíritos que tiveram esta vivência e outros irmãos que tenham afinidades e missões dentro de seu campo de atuação mas que podem não ter vivido diretamente esta experiência na matéria. Com todas estas características marcantes e vigorosas eles são um excelente auxílio e grande força de trabalho na atuação sobre os eguns (obsessores, espíritos desequilibrados e negativados). São de pouca conversa, mas de muita ação.



Podem se apresentar nos rituais de Umbanda dançando, se movimentando como se estivessem galopando, rodando, girando as mãos como se estivessem laçando gado, cantando, bradando, ou de outra forma mais adequada à sua forma de atuação. Em sua aparência, são como os homens do campo e podem utilizar roupas de couro ou de tecido, calças com franjas de couro ou bombachas, chapéus, botas, esporas, laços, chicotes, berrantes e outros adereços de pastoreadores, peões e boiadeiros. Utilizando suas principais “armas” espirituais, que são o chicote e o laço de gado (instrumentos que são mistérios magísticos), arrebanham e recolhem os espíritos trevosos redirecionando-os para seus locais de merecimento estabelecidos pela Lei Maior e pela Justiça Divina. Desta forma, os Boiadeiros tem autorização para conduzir os espíritos da mesma forma que conduziam sua boiada, levando cada boi (espíritos) para o seu destino, e trazem os bois que se desgarram (eguns, obsessores, quiumbas) de volta ao seu caminho junto com o resto da boiada. Podem realizar suas funções através do tempo atuando no presente e no passado, pois têm o amparo de Iansã que permite esta ação para que possamos voltar ao caminho da nossa evolução natural. Através das ondas espirais do Tempo, são recolhidos os espíritos perdidos em suas próprias memórias desequilibradas e serão diluídas energias densas acumuladas no decorrer de suas jornadas espirituais.



A Linha de Trabalho dos Boiadeiros é regida por Ogum, Iansã e Xangô, pois é através de suas irradiações divinas que todo o trabalho desses Guias é realizado. Os Boiadeiros também podem receber irradiações secundárias dos outros Pais e Mães Orixás para que atuem em seus campos de trabalho. Embora eles atuem de forma muito eficaz na condução, direcionamento, recolhimento e redirecionamento de espíritos, sua função primordial e de maior importância dentro dos trabalhos mediúnicos é a dispersão e limpeza das energias negativas impregnadas nos ambientes e nos campos magnéticos e corpos espirituais dos médiuns e consulentes das casas de trabalho de Umbanda. Com seus movimentos circulares, seja de seus corpos ou de seus chicotes, eles promovem “choques” energéticos que vão soltando e desfazendo todos os agregados, miasmas, focos de doenças e demais negatividades. Quando bradam, na maioria das vezes, estão ordenando os espíritos recolhidos no local para redirecioná-los e deixar a casa de trabalho em perfeita ordem e harmonia para realizar a sua caridade. Atuam no combate e desmanche de demandas e magias negativas. Eles atuam em todas as religiões, dizem que são os boiadeiros que “laçam” os fiéis de acordo com as suas afinidades pessoais e o seu grau evolutivo e os direcionam para a religião que melhor possa auxiliá-lo naquele momento de sua vida.



Nomes de alguns Boiadeiros mais conhecidos: Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro das 7 porteiras, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro da Campina, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Zé do Laço, Boiadeiro Severino, Boiadeiro do Chapadão, entre outros.

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